A Avaliação da Aprendizagem nos dias de Hoje
Um educador motivado pela vocação, forma alunos
motivados pelo senso de organização.
A dúvida
é algo natural que deve ser estimulada. O bom docente sabe usá-la em benefício
do aluno, e de si mesmo...
Nos dias de hoje, a avaliação da aprendizagem não é algo meramente
técnico. Envolve autoestima, respeito à vivência e cultura própria do indivíduo,
filosofia de vida, sentimentos e posicionamento político. Embora essas
dimensões não sejam perceptíveis a todos os professores, observa-se, por
exemplo, que um professor que usa o erro do aluno como ponto inicial para
compreender o raciocínio desse educando e rever sua prática docente, e, se
necessário, reformulá-la, possui uma posição bem diversa daquele que apenas
atribui zero àquela questão e continua dando suas aulas da mesma maneira.
Do mesmo modo, o educador que
faz uso de instrumentos de avaliação diversos para, ao longo de um período,
acompanhar o ensino-aprendizagem, é diferente daquele que se restringe a dar
uma prova ao final do período.
Segundo Canen (2001), Gandin
(1995) e Luckesi (1996), a avaliação é um julgamento sobre uma realidade
concreta ou sobre uma prática, à luz de critérios claros, estabelecidos prévia
ou concomitantemente, para tomada de decisão. Desse modo, três elementos se
fazem presentes no ato de avaliar: a realidade ou prática julgada, os padrões
de referência, que dão origem aos critérios de julgamento, e o juízo de valor.
Através desses elementos,
constata-se que a avaliação não é um processo apenas técnico. O educador deve
refletir acerca de algumas questões: Quem julga? Por que e para que se julga?
Quais os aspectos da realidade que devem ser julgados? Deve-se partir de que
critérios? Esses critérios se baseiam em quê? A partir dos resultados do
julgamento, quais são os tipos de decisões tomadas?
Como foi dito, a avaliação não é
um processo apenas técnico, é um procedimento que inclui opções, escolhas,
ideologias, crenças, percepções, posições políticas, vieses e representações,
que informam os critérios através dos quais será julgada uma realidade. A
avaliação do aproveitamento de alunos, por exemplo, pode basear-se em critérios
reduzidos, apenas à memorização de conteúdos, ou pode basear-se em critérios
que visem ao crescimento pessoal dos alunos, no que diz respeito as suas
atitudes, liderança, conscientização crítica e cidadã. Esses critérios se
originam de opiniões acerca do que se entende por educação, e vão direcionar o
julgamento de valor acerca do desempenho daqueles alunos.
O Projeto Político-Pedagógico da
escola deve ser elaborado coletivamente, e expor a visão acerca da missão da
unidade escolar, direcionando os critérios através dos quais as práticas
docentes que estão sendo desenvolvidas, sejam avaliadas. A avaliação da
aprendizagem não é um julgamento de valor apenas acerca do aluno, mas também
acerca da prática docente, que tem como resultado o desempenho do aluno.
Segundo Paulo Freire, a avaliação não é um ato pelo qual A avalia B, mas sim um
processo pelo qual A e B avaliam uma prática educativa.
Quando um professor dá uma
explicação sobre um conteúdo, e no entanto, nos instrumentos de avaliação que
ele elabora, propõe exercícios que abordam aspectos e habilidades referentes à
matéria que não foram trabalhados, o aluno sente-se "perdido", sem
ter um caminho a seguir, uma reflexão que possa fazer acerca daquela matéria.
O educador deve ter uma posição
de não neutralidade envolvida na escolha dos critérios para o julgamento de
valor e na escolha daquilo que se deseja julgar, a avaliação, como dissemos
anteriormente, envolve mais do que uma simples contemplação. Ela requer tomada
de decisão. Conforme Luckesi (1996), sendo o juízo satisfatório ou
insatisfatório, temos sempre três possibilidades de tomada de decisão:
continuar na situação em que nos encontramos, introduzir mudanças para que o
objeto ou situação se modifique para melhor ou suprimir a situação ou objeto.
Infelizmente, algumas tomadas de
decisão partindo de critérios que limitam o processo educativo a aulas
expositivas, de linguagem pouco clara para os educandos, e, que restringem a
avaliação a apenas um momento final, partindo de um único instrumento,
homogêneo, tendem a optar pela "supressão" do educando direta ou
indiretamente, através de sua reprovação.
Desse modo, o educador de hoje,
deve repensar acerca dos seus critérios de avaliação, acerca da necessidade de
construir políticas e práticas que considerem essa diversidade e que estejam
comprometidas com o sucesso e não o fracasso escolar.
Para isso, faz-se necessário um
retorno as formas pelas quais a avaliação foi planejada.