Contornos.

Porque é que as coisas têm contornos?

(Gregory Bateson – Metadiálogos)

Filha: Pai, porque é que as coisas têm contornos?

Pai: Têm? Não sei. A que tipo de coisas te referes?

Filha: Quero dizer, quando desenho coisas, porque é que elas têm linhas que as delimitam?

Pai: Bem, e se fossem outras coisas – um rebanho ou uma conversa… Essas coisas também têm contornos?

Filha: Não seja assim, pai. Não posso desenhar uma conversa. Quero dizer coisas.

Pai: Está bem. Eu estava só a tentar saber o que é que tu querias dizer. Isto é, se <<damos contornos às coisas quando as desenhamos>>, ou se <<as coisas têm contornos quer as desenhemos quer não>>.

Filha: Não sei, pai. Diga lá o pai. Qual delas é a que eu quero dizer?

Pai: Não sei, minha querida. Houve um artista inconformado que desenhou toda a espécie de coisas e depois de ter morrido folhearam os seus livros e viram que em determinado sítio ele escrevera: <<Homens sensatos vêm contornos e portanto desenham-nos.>> Mas noutro sítio ele escreveu: <<Homens loucos vêm contornos e portanto desenham-nos.>>


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