Vida e
Tempo? Coincidem? Sim; a vida de cada um e cada uma de nós é o nosso tempo;
afinal, relembrando o óbvio, todas as pessoas, em qualquer época da história,
sempre viveram na era contemporânea...
Tempo e Vida? São o mesmo; minha vida é o
meu tempo, ou seja, o continente no qual está o meu conteúdo vital, o
invólucro no qual está contida a minha existência, o território com fronteiras
que acolhem a minha presença no mundo por um período (um tempo) determinado e
limitado apenas em referência aos outros tempos das outras vidas, mas
absolutamente ilimitado para mim enquanto vivo.
Não é casual que a gente viva reinventando
frase atribuída ao estupendo Guimarães Rosa:
"O importante não é chegar e nem
partir, é a travessia!"
Entre a chegada e a partida, meu tempo, a
travessia; meu tempo como a caminhada, o jeito de caminhar, o trajeto, como
convivo com quem comigo caminha, a bagagem e o lugar no qual quero chegar.
Minha vida, meu tempo, ou seja, a medida que
usamos para calcular quanto e quando a vida pulsa. Eu me vou, meu tempo acaba,
mas o tempo não acaba, pois a Vida continua.
Por isso, enquanto tenho tempo, isto é,
enquanto vivo, esses período é ocupado com ações e pensamentos, ideias e
práticas, sucessos e fracassos.
Como o que faço e penso é uma questão de escolha minha, o uso
do tempo é questão de prioridade.
Em outras palavras, como o meu tempo existirá ainda que eu
fique estático, sem nada fazer além da imobilidade, o que nele faço resulta da
decisão livre, a partir da importância que dou ao que farei naquele tempo.
Assim, se alguém diz "Não tenho tempo
para isto ou aquilo", de fato está dizendo "Isto ou aquilo não é
prioridade para mim".
Desse modo, a grande pergunta continua sendo
"No meu tempo, na tua vida, quais são as tuas prioridades?" Ou,
perdes tempo?
Nossa existência é gratuidade; sabemos isso,
sentimos isso. Existimos, cada uma e cada um, sem que haja uma razão explícita
e evidente desde o princípio e sem que nos digam o que somos. A vida, nossa
vida, mescla virtudes e vícios, desejos e necessidades, bens e males; enquanto
vivemos procuramos afastar o sofrimento e procuramos incessantemente a paz de
espírito e o repouso da mente que tudo sente e nem sempre tudo entende.
Qual a mais fulcral das nossas inquietações?
Pode parecer excessivamente abstrata, mas está lá, desde a
nossa origem como espécie consciente: Porque é que existe alguma coisa em vez
de nada? Ou seja, por que tudo existe, no lugar de não existir?
A essa indagação a Humanidade procura
responder há milênios e há quatro grandes fontes que inventamos para construir
a resposta: a Ciência, a Filosofia, a Arte e a Religião. A Ciência, procurando
os "comos"; a Filosofia, à cata dos "porquês"; a Arte e a
Religião, escavando "as obras perenes".
Sofrer, participar, aproveitar, padecer.
Depois, como tudo o que vive, deixa de viver?
O que gritam a Arte e a Religião? Existir em
direção ao provisório, ao passageiro, ao transitório?
Não faz sentido" Mas precisa fazer sentido, pois, do
contrário, vida sem razão, sem por que, sem beleza? Beleza? Sim; o Belo é o que
nos dá vitalidade, nos fluidifica a Vida; o Belo garante menos provisoriedade,
pois parece que, quando diante dele, o tempo cessa e agarramos o instante para
que nada mais flua além do momento pleno. Isso vai desde uma "bela
pessoa" até uma "bela macarronada", passando pela bela
"paisagem", o "belo dia", a "bela oração", a
"bela música".
Belo é o que emociona, mexe conosco; seja
pelo êxtase, pelo incômodo, pela admiração, pela alegria, pela meditação, pela
vibração.
Por isso, para nós, o Belo é sagrado, pois o
Sagrado é o que faz a Vida vibrar em nós e nos leva a respeitar o Mistério, no
nosso Tempo de Vida, com Esperança, a fonte das escolhas.
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